"Não era tristeza. Era um vazio. Os tristes têm um céu. Cinzento, mas céu. Os desesperados têm um deserto. Meu pai olhava para trás: era mais o esquecido que o vivido. O que não lembrava era porque se esquecera de viver? Ou tudo tinha ficado lá, na mina que desmoronou? Quando se cruzava comigo, de pijama, a meio do dia, meu pai se justificava:- Sua mãe quer que eu faça dessas coisas que criam alma na pessoa. Só que ela não entende: se eu estou vivo é porque não tenho alma nenhuma.E agora, olhando-o sob aquele estilhaçado luar, me pareceu que meu pai não era senão poeira entre poeiras de Lua." (pag. 15)
"Karl tem um caderninho cor de fogo, uma palavra de ordem e um sonho.
No caderninho escreve palavras que rouba dos livros; o sonho partilha-o com os outyros gatos, debaixo da nagnólia branca.
Espalhar os sonhos, por vezes, é uma aventura imprevisível."
"Quem inventou as cores?
Como esquecer o azul?
Ao que sabe o laranja?
Para onde fogem as cores, quando a noite vem?"
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