Neste dia dos Namorados, recebemos de presente, do professor Ricardo, um poema que fala de AMOR.
Se gostasses de mim, ai, se gostasses, se gostasses de mim — serenim — era tudo alecrim. Se gostasses de mim — mirandolim — eu morria. Morria? de gozo no sem-fim. E gostaste. Gostavas? de mim. Era tão sem aviso, era tão sem propósito — trancelim — e eu saltava, delfim. E dançava, tchim, sem notar, ai de mim: não era tanto assim. Gonçalim. Já não gostas de mim. É fácil percebê-lo. Vagueio pepolim a caminho de nada. Saponim. Restaria o gerânio, a senha no jardim? O lenço ou a colcheia no róseo bandolim do ventre da joaninha? Candorim? Xerafim? Mal gostasses de mim, outra vez carmesim eu morria, eu vivia de gozo por três vezes, mirá, mirandolim. | Pelo gozo passado em faro de jasmim — palanquim — pelo gozo presente no metal do clarim — trampolim — pelo gozo futuro em verso folhetim — farolim — que farei deste sim? Se gostares de novo seremos o festim no parque, na piscina ou no estrapotim, em relva entrelaçados um tintim noutro tim seremos o marfim de lavor impecável na infinda perspectiva do fim. Se não gostares mais de mim de mim de mim de mim, sumirei na voragem no báratro, no pélago — votorantim — no vórtice abissal da tristeza total do cálculo de rim. Ah, se gostasses de mim! |
Carlos Drummond de Andrade, Farewell
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